segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Início de Uma Nova Caminhada

Bom dia a você que está lendo pela primeira vez meu blog.
Esta é minha apresentação sumária sobre quem sou, os motivos e o momento escolhido para a criação deste blog e os objetivos do mesmo.
Nascido em 1969, venho de uma família de classe econômica pobre. Não miserável, porém pobre.
No período de 1975 a 1980, tive a sorte de estudar no então chamado Grupo Escolar Duque de Caxias, uma maravilhosa escola pública de Porto Alegre-RS, numa época em que as escolas públicas ainda ofereciam estudos de boa qualidade com professores compromissados com valores cívico-morais e alunos que já vinham de suas famílias com noções de respeito aos colegas e obediência aos professores. Lembro dos momentos em que o colégio, professores e alunos, se reunia na rua Marcílio Dias, em frente aos mastros e todos cantavam os Hinos do Brasil e do Rio Grande do Sul enquanto as bandeiras respectivas eram hasteadas.
No ano de 1984, durante a 8ª série do primeiro grau, eu já tinha sido avisado por minha família de que não haveria condições financeiras de se pagar uma faculdade particular para mim.
Com 14 anos de idade, eu acompanhava minha família nas idas a supermercados, especificamente, o então Supermercado Real, do Bairro Azenha. Como costume naquela época, os supermercados possuíam jovens empacotadores nos caixas que guardavam as compras em sacos de papel (não havia sacolinhas de plástico, nem hipermercados estrangeiros que extinguiram esse tipo de vaga de trabalho por motivos econômicos). Claro que a maioria daqueles jovens trabalhavam por necessidade econômica. Nessas idas e vindas, várias vezes, fui alertado por minha família de que: ou eu deveria passar no vestibular de uma Universidade Pública para continuar meus estudos e obter uma profissão de nível superior ou eu acabaria trabalhando como um daqueles jovens empacotadores.
Eu conhecia minhas opções, pois morava em uma família que dependia de uma matriarca que foi proibida de estudar por meu bisavô (porque mulheres não estudavam na época), que fora dona de casa a vida toda, costurou para fora para ajudar o marido e educar os filhos e, agora, viúva vivia apenas da pensão do INSS, antigo INPS, antigo IPASE ... lá no Rio Grande. Lembro, claramente, uma vez em que pedi muito um presente. Minha avó cedeu, mas disse que aquele dinheiro iria faltar para comprar uma comida melhor, lentilha. Lembrem-se, disse que minha família era pobre, não miserável.
Diante de minhas opções e por amor à família, decidi o quanto antes sair de casa e ser uma boca a menos dando despesas. Tive a sorte e a competência de ser aprovado em um concurso público federal para admissão em uma escola de ensino secundário com percepção de uma ajuda de custo do Governo Federal. Assim, com 15 anos, em 1985, saí definitivamente do seio da família e fui morar em outra cidade. Conquistei meu emprego, continuei estudando e cá estou.
Sou Bacharel em Ciências Contábeis, Mestre em Ciências Militares e Pós-graduado em Docência do Ensino Superior.
A vida profissional foi um sucesso, conquistei meus objetivos, tive momentos de alegria e muitas decepções, também. Com educação financeira atingi um patamar de classe média (média verdadeira, não a classe média do PT).
Sempre fiz tudo com crença em meus ideais e valores morais que aprendi com minha família, com a Igreja Católica Apostólica Romana e nos bancos escolares (escolas de verdade que ensinavam história, não as escolas que a partir dos anos 1990 estavam ideologicamente comprometidas com uma utopia esquerdista ensinando às crianças e jovens que crimes comuns cometidos por políticos contra a sociedade eram atos de heroísmo contra a ditadura militar).
Infelizmente, uma carreira no serviço público tem suas limitações. Os profissionais não podem crescer exclusivamente por suas capacidades pessoais, mas tem de se sujeitar a ascendência na carreira, conforme outros servidores com mais tempo já tenham tido as mesmas oportunidades, não necessariamente por serem estes últimos mais capazes. Quanto mais alto o cargo ocupado, mais os ideais aprendidos nos bancos escolares são deixados de lado por decisões fisiológicas da alta hierarquia do serviço público. Ainda que a lei garanta o direito do servidor público se negar a cumprir uma ordem superior ou questionar uma decisão superior, o servidor que o fizer tem sua progressão na carreira destruída por um revanchismo praticado por todas as instâncias superiores que não se importam com a verdade dos fatos, nem a moralidade da causa, mas unicamente com o corporativismo dos que estão nos altos cargos e a manutenção do status quo. O que resta ao servidor federal, estadual ou municipal? Submeter-se ao silêncio ou corromper seus ideais. Diferentemente da iniciativa privada, o servidor público não pode pedir demissão de um órgão público e ir para outro. Ou seja, o emprego público que no início parecia uma boa carreira revela-se uma escravidão.
Lá no ano de 1999, com 14 anos de serviços prestados, eu já me sentia vítima dessa escravidão. Enquanto a maioria dos colegas de profissão trabalhavam roboticamente, aceitando as regras do jogo (vida de gado) para ascenderem mais rápido na carreira, eu não conseguia ficar quieto diante das incoerências, decisões erradas e práticas defasadas existentes. Em uma conversa entre colegas, um comentou que eu era inteligente demais para estar naquele lugar. Não sei de foi ironia ou verdade, mas me levou a pensar.
Anos mais tarde, perto de 2004, fazendo uma comparação com o flime Matrix, onde o personagem Neo precisa escolher entre uma pílula azul e outra vermelha para escolher se queria continuar num mundo de ilusões ou ver a realidade nua e crua, outro colega de trabalho brincou dizendo que eu tomara o vidro inteiro das pílulas que retiravam as pessoas da Matrix. Ainda no mesmo ano, decidi que não poderia continuar na carreira pública, aceitando e praticando todas as coisas que discordava em troca de um alto cargo na hierarquia administrativa. Meus valores morais me impediam de me vender. Dizem que todo homem tem seu preço. Eu sabia o meu e meus chefes não podiam pagá-lo. Fiz minha escolha de terminar meus anos de trabalho até a aposentadoria ocupando meros cargos de assessoria na administração, sem poder de decisão.
Depois entre os anos 2008/2009, ao conversar sobre os problemas internos e a decadência vivida pela Instituição (como acontece todos os dias em algum órgão da Instituição), um colega que é professor, me disse que quando a gente chega a esta fase da vida, precisa passar nosso conhecimento acumulado às novas gerações.
Fora das questões trabalhistas, a passagem destes anos, assistindo ao desenvolvimento da Democracia Brasileira sob a ótica que tenho com base na minha formação e valores morais, aos partidos políticos e seu revisionismo histórico, à perda da qualidade do ensino dos nossos jovens e à decadência moral da Sociedade Brasileira levaram-me a conclusão de que nosso futuro como pessoas, Sociedade e Nação está sendo destruído pelas escolhas erradas nas urnas feitas hoje pelas pessoas, porque não conhecem a História do Brasil (passado) ou não conseguem desenvolver um pensamento lógico.
Feita minha apresentação quero dizer que minha motivação para a criação deste blog é, justamente, seguindo a inspiração que me foi passada um dia por um colega de trabalho, partilhar meus conhecimentos, experiências, crenças e valores com outras pessoas, especialmente as gerações mais novas, com o objetivo de superar os horizontes de escolha limitados que os políticos nos apresentam hoje.
Escolhi este momento, por estar em fase de aposentadoria. Sendo assim, posso me manifestar politicamente sobre assuntos polêmicos sem infringir a lei que regulamenta minha categoria profissional.
Espero sinceramente que você possa me acompanhar e ajudar nesta Nova Caminhada que pretendo iniciar.
Grato pela sua atenção
São Paulo, 27 de outubro de 2014, às 06:08h.

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